Vício em jogos (apostas) é uma doença?

Com o crescimento das apostas esportivas, cassinos online e joguinhos que prometem dinheiro fácil, cada vez mais pessoas estão caindo numa armadilha silenciosa. E o pior: muitos nem percebem que estão presos.
Mas afinal, vício em jogos de aposta é só falta de controle ou é uma doença de verdade?
Neste artigo, vamos explicar de forma simples o que diz o DSM-5-TR (manual de diagnóstico usado por psicólogos e psiquiatras), quais são os sinais de alerta e como funciona o tratamento.
Se você já se perguntou se alguém próximo, ou até você mesmo, está passando dos limites, continue lendo. A resposta pode ser mais séria do que parece. (E não, não vai ter número da sorte no final)
Quando o jogo deixa de ser diversão

Você já ouviu alguém dizer “só jogo por diversão”? (E no fim do mês tá vendendo o micro-ondas para fazer uma fezinha de novo…). Pois é. O problema começa quando o que era lazer vira necessidade. Jogar pode até parecer inofensivo no começo: uma raspadinha aqui, uma aposta no futebol ali, uns giros na roleta online… Mas, e quando a pessoa não consegue mais parar?
O vício em jogos de aposta é real, e sim, é reconhecido como uma doença mental. De acordo com o DSM-5-TR, o manual dos profissionais da saúde mental, esse vício é chamado de Transtorno do Jogo. Ele pode ser considerado um problema ligado ao controle dos impulsos, como o vício em compras ou em internet. (A diferença é que aqui, além de perder o tempo, você perde o dinheiro também, e muitas vezes, a dignidade vai junto)
Mas atenção: nem toda pessoa que joga de vez em quando tem esse transtorno. O que define a doença é a frequência, a perda de controle e as consequências negativas que isso traz para a vida da pessoa.
Os sinais de que o jogo virou o dono da sua vida

“É só mais uma aposta e eu paro”?, esse “só mais uma” pode durar anos. Segundo o DSM-5-TR, o Transtorno do Jogo se manifesta por comportamentos repetitivos e incontroláveis ligados a apostas, que causam sofrimento ou prejuízos sérios na vida da pessoa.
Veja alguns sinais que acendem o alerta vermelho:
- Aposta cada vez mais alto: a pessoa precisa de quantias maiores de dinheiro para sentir a mesma emoção, cada vez mais, mais e mais. Tipo quem coloca mais sal na comida porque o paladar já não sente o gosto (só que aqui, o gosto é perder dinheiro).
- Tenta parar e não consegue: faz promessas, jura que é a última vez, mas logo está jogando de novo. E de novo. E de novo.
- Fica inquieto ou irritado quando tenta parar: como se o corpo pedisse o jogo, igual quem sente falta do café pela manhã.
- Fica pensando no jogo o tempo todo: lembra das apostas passadas, planeja as próximas, sonha com o “golpe de sorte”. (Spoiler: ele nunca vem).
- Joga para fugir de sentimentos ruins: tristeza, ansiedade, raiva… parece até que o jogo anestesia as emoções. Até que tudo fica pior.
- Tenta recuperar o que perdeu: perdeu ontem? Aposta hoje para tentar “ficar no zero”, não aceito o fato de ter pedido.
- Mente sobre o quanto joga: esconde do parceiro, da família, dos amigos. A vergonha já tomou conta.
- Prejudica relacionamentos ou trabalho: já perdeu emprego, briga com a família, se afasta de tudo para jogar.
- Depende dos outros para pagar dívidas: a pessoa entra em buracos financeiros e precisa de ajuda para sair. (Ou vai direto ao agiota, o que é ainda mais trágico)
Se uma pessoa apresenta quatro ou mais desses sinais dentro de 12 meses, pode estar sofrendo de Transtorno do Jogo, segundo o DSM-5-TR.
Não é falta de vergonha na cara (é um transtorno mental)

Muita gente ainda acha que quem não consegue parar de apostar é “fraco”, “sem juízo” ou “sem vergonha”. (Porque julgar sempre parece mais fácil do que entender, né?) Mas a verdade é que o vício em jogos é um transtorno mental reconhecido oficialmente pelas ciências da saúde.
O Transtorno do Jogo está listado no DSM-5-TR, que é basicamente o manual oficial da saúde mental. Se está lá, é porque tem fundamento sério: não é mimimi, não é desculpa, e muito menos frescura.
Esse transtorno tem muito a ver com o funcionamento do sistema de recompensa do cérebro. Apostar acaba sendo uma forma rápida de se sentir bem. (Mesmo que o bolso esteja chorando de desgosto)
O grande problema é que, com o tempo, a pessoa precisa apostar cada vez mais para sentir o mesmo prazer, e o cérebro vai ficando preso nesse ciclo: tensão, aposta, prazer, culpa… e volta tudo de novo. É como acontece com drogas ou álcool.
Além disso, o jogo estimula ilusões de controle e esperança: a sensação de que “na próxima eu ganho”, “tô sentindo que hoje é meu dia”. Mas a matemática não mente: a casa sempre ganha. O que alimenta o vício é a emoção, não a lógica.
Por isso, não adianta só dizer “é só parar”. O tratamento envolve compreensão, apoio e ajuda profissional especializada.
Dá para sair dessa? (Tratamento existe e funciona)

Boa notícia: tem jeito, sim! O vício em jogos de aposta tem tratamento e quanto antes a pessoa buscar ajuda, melhor. Não existe mágica (nem número da sorte), mas existe um caminho possível. E muita gente já conseguiu sair dessa.
O primeiro passo é admitir que existe um problema. (Sim, é difícil. Mas continuar se afundando em apostas é ainda mais). Depois disso, o ideal é procurar ajuda profissional, com psicólogo, psiquiatra ou equipes especializadas em dependência.
Os principais caminhos do tratamento são:
- Terapia: A terapia é tratamento muito eficaz. Com o acompanhamento de um psicólogo, é possível entender as causas emocionais por trás do comportamento, desenvolver estratégias de autocontrole e reconstruir uma vida saudável.
- Grupos de apoio: como os Jogadores Anônimos, que funcionam de forma parecida aos Alcoólicos Anônimos. Ali, a pessoa encontra outras que enfrentam os mesmos desafios e percebe que não está sozinha (spoiler: nunca está).
- Medicamentos: em alguns casos, o psiquiatra pode prescrever remédios para controlar a ansiedade, depressão ou impulsividade, que muitas vezes andam junto com o transtorno do jogo.
- Educação financeira e apoio familiar: porque não é só parar de jogar, é preciso reconstruir a vida. Organizar as finanças, restabelecer relações, mudar a rotina. Tudo isso faz parte do processo.
Ah, e é bom lembrar: recaídas podem acontecer, mas isso não é fracasso. É parte do processo. O importante é seguir tentando, aprendendo e buscando apoio.
No fim das contas, o vício em jogos não é falta de caráter, é uma condição séria que exige cuidado, informação e apoio. E sim, tem jeito. Com tratamento, empatia e responsabilidade, é possível sair do ciclo das apostas e voltar a ter controle sobre a própria vida.
(Afinal, o melhor prêmio que alguém pode ganhar… é a liberdade de si mesmo)
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Psicólogo Marcus Medeiros | Psicólogo Comportamental
CRP: 15/7598
Atendimentos on-line em todo Brasil e Presenciais em Arapiraca
Agendamentos: (82) 9.9635-2129
Perguntas frequentes sobre vício em jogos de aposta
1. Vício em jogos é realmente considerado uma doença?
Sim. O vício em jogos, ou Transtorno do Jogo, é reconhecido oficialmente como um transtorno mental pelo DSM-5-TR. Não é “frescura” nem “falta de vergonha na cara”. É uma condição séria que afeta o comportamento, o cérebro e a vida da pessoa.
2. Todo mundo que aposta é viciado?
Não. Apostar ocasionalmente não significa que a pessoa tenha um transtorno. O problema começa quando há perda de controle, prejuízos na vida pessoal ou financeira, e incapacidade de parar, mesmo diante das consequências.
3. Dá para se curar do vício em jogos?
Sim, com tratamento adequado. Psicoterapia, grupos de apoio e, em alguns casos, medicação ajudam muito. Não existe cura mágica, mas há recuperação e reconquista da autonomia.
4. O que fazer se alguém da minha família estiver viciado?
Converse com empatia, sem julgar. Oriente a pessoa a buscar ajuda profissional e, se possível, participe desse processo. Ignorar ou brigar só piora a situação. (A pessoa já está se julgando demais por dentro)
5. Crianças e adolescentes podem desenvolver vício em jogos de aposta?
Sim. E com os jogos online, a exposição precoce está cada vez maior. Por isso, é essencial educação preventiva, acompanhamento familiar e limites claros para o uso de tecnologias.
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